Atualmente os comentários e referências aos ajustes fiscais do governo fazem parte da rotina empresarial. As abordagens são, via de regra, relacionadas ao mercado não aceitar a contento, as medidas fiscais do governo para ajustes de seus gastos. Nesse sentido surgem dúvidas do que seriam essas medidas fiscais e o que estaria contemplado. Principalmente para as empresas, quais os impactos nesse universo de informações e como ficam os controles econômicos e financeiros necessários para a boa gestão do negócio. As previsões e projeções apresentam consistência diante deste cenário?
Basicamente as chamadas medidas fiscais do governo são ações e iniciativas dele próprio (governo) destinadas a administração e controle do seu orçamento - e este apresente perfeito equilíbrio e segurança quanto às suas despesas e receitas.
Essas medidas têm como objetivo, fazer com que haja efetiva contribuição para o desenvolvimento econômico do país. Similarmente a uma empresa, gasta-se o que está dentro de um orçamento com base em informações sólidas de receitas e despesas.
Quando a percepção, pelo mercado, é de que o Governo não está totalmente com o controle dessas ações, ou seja, vai gastar mais do que arrecada, ou, as medidas de contenção parecem tímidas para o cenário atual, há uma certa perda de confiança, e isso não é ponto positivo pois traz desequilíbrio a fatores importantes na economia como juros, câmbio, investimentos, etc. Como refletir esses fatos em relatórios financeiros internos de forma a trazer consistência à informação e não alardeá-la de maneira a “jogar mais lenha na fogueira”.
Devemos informar o necessário, com consistência e credibilidade, de forma que, em sendo indispensável projeções, realizá-las com o máximo de assertividade baseadas nos dados disponíveis, deixando sempre, essa condicional em relevância – projeções com informações disponíveis para o momento.
Tecnicamente falando, essas medidas fiscais, ou, políticas fiscais, estão vinculadas a planos de governo, ou, na impossibilidade de implementar esses planos da forma que se julgue ideal, estão vinculadas à busca do crescimento econômico, ou, moderação deste crescimento dentro de estudos que indiquem o impacto da economia decrescer muito ou crescer moderadamente, e com segurança. Nesse caso temos as medidas identificadas como expansionistas que buscam de alguma forma estimular e incentivar, o crescimento da atividade econômica e o aumento do consumo. Via de regra a proposta aqui é aumento de gastos públicos que pode estar vinculado a redução de impostos.
Temos também as medidas classificadas como contracionistas, cujo objetivo é segurar a economia, já aqui a solução fica vinculada a redução de gastos públicos que podem ter como parte das ações o aumento de impostos. A importância da qualidade das informações da empresa neste momento, quanto aos números do seu negócio, exemplo, aumento de custos, aumento de despesas, queda ou acréscimo de receita, as origens dessas variações, são fundamentais para “preparar o terreno’ para o que está por vir, e já podemos ir trabalhando em algumas simulações. Exemplo, possível aumento ou redução de impostos, terá qual efeito no negócio, e qual alternativa demos explorar,
Correndo em paralelo, se faz necessário considerar os posicionamentos da autoridade monetária, pois até agora, falamos de medidas fiscais, quanto a, “corta ali”, “aumenta ali”, “remanejar ali, ou seja, independente da medida ser contracionista ou expansionista, o que diz a autoridade monetária (Banco Central), quanto ao fluxo de recursos financeiros para bancar essas situações.
Em termos de negócio, se os números da empresa demonstram a necessidade de recurso financeiro extra no prazo de dois meses, é melhor já garantir esse recurso, ou aguardamos os dois meses? Estamos prestes a “bater o martelo para um investimento", vamos em frente, ou, aguardamos mais alguns sinais do mercado quanto a ajustes fiscais e/ou ajustes monetários?
Assim, no rol das medidas contracionistas temos como suporte, o aumento das taxas de juros e a redução do crédito, ações sob a gestão do Banco Central, e que visam reduzir o consumo, e consequentemente ter controle sobre as altas da inflação, de forma a fortalecer a moeda. Essas iniciativas devem ser efetivadas com o máximo de atenção, pois fora do bom senso, causam perda de investimento, redução da atividade econômica, e aumento do desemprego, entre outros efeitos. Esse é o cenário que vivemos hoje, em que a cada mês os dados gerenciais são de vital importância para a assertividade das decisões no curto e médio prazo.
Já, em uma política expansionista temos também, ações que estão sob a gestão do Banco Central, como a redução da taxa de juros, que gera o aumento da disponibilidade de crédito, que pode gerar um aumento da inflação, mas por outro lado pode diminuir o desemprego, mas pode também, enfraquecer a moeda pois uma oferta grande de bens e serviços resulta em perda de valor dessa moeda (efeito câmbio). Os números da sua empresa indicam que a sua gestão, para os próximos meses, direcionam a aposta em uma política contracionista, ou, em uma política expansionista, ou, um meio termo entre elas, com a possibilidade de você tomar ações rápidas para se moldar a possíveis alterações do mercado.
Enfatizamos junto às empresas a importância de seus dados econômicos e financeiros, na medida do possível, terem componente vinculado as projeções dos efeitos quanto às informações sobre ajuste fiscal e ajuste monetário, dessa forma, aumento ou redução de impostos, aumento ou redução de taxas de juros, variação cambial, variação de custo seja de itens nacionais ou importados, custo de captação financeira para determinado investimento e prazo de retorno desse investimento, além de outras variáveis, devem estar no radar dos números analisados pela empresa, bem como de sua qualidade, para suporte a uma assertiva decisão.