Nos últimos anos, empresas em todo o mundo passaram por uma transformação impulsionada pela necessidade de maior transparência, responsabilidade social e sustentabilidade. No Brasil, essa mudança se intensificou com a crescente adoção dos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança), que influenciam diretamente a forma como as corporações gerenciam suas finanças e prestam contas. Com novas regulamentações previstas para 2026 e a crescente demanda dos investidores por práticas sustentáveis, as organizações buscam soluções tecnológicas para garantir conformidade e eficiência na governança corporativa.
A governança corporativa está no centro das práticas ESG e tem sido impulsionada pelo avanço das soluções tecnológicas. Ferramentas baseadas em big data, blockchain e inteligência artificial estão revolucionando a prestação de contas e a transparência empresarial. Sistemas automatizados permitem auditorias em tempo real, por exemplo, garantindo maior precisão na gestão dos riscos socioambientais e na conformidade regulatória.
Esse movimento se reflete também no mercado financeiro. Segundo a Bloomberg Intelligence, os investimentos ESG já representam mais de um terço do total de ativos sob gestão e podem chegar a US$ 53 trilhões até 2025. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prepara uma nova norma de divulgações financeiras relacionadas a eventos climáticos extremos, enquanto a adoção de um novo padrão de divulgação sobre sustentabilidade será obrigatória a partir de 2026.
Nas empresas, a liderança financeira desempenha um papel essencial na incorporação dos princípios ESG. O mapeamento e a gestão dos riscos socioambientais exigem colaboração entre diferentes áreas, como compliance e controle financeiro. O objetivo é garantir que as práticas sustentáveis sejam adotadas de maneira eficaz e alinhadas à legislação vigente.
De acordo com Goldwasser Neto, CEO e co-fundador da Accountfy, "a tecnologia tem um papel fundamental na consolidação do ESG nas empresas. Na Accountfy, desenvolvemos soluções na nossa plataforma que podem automatizar o controle dos KPIs de ESG e também relatórios e apresentações que trazem mais transparência e eficiência para a gestão financeira, permitindo que sustentabilidade e governança façam parte da estratégia corporativa de forma natural e vantajosa. As empresas que adotam critérios ESG precisam apresentar dados financeiros claros e precisos, pois isso impacta diretamente seus resultados e agrega valor no longo prazo", afirma o especialista em reestruturação financeira, captação de recursos e planejamento financeiro.
Porém, a popularização do ESG também trouxe desafios. Os investidores precisam estar atentos às falsas promessas de sustentabilidade, conhecidas como greenwashing. Algumas empresas utilizam marketing verde para promover uma imagem de responsabilidade ambiental que não condiz com suas práticas reais. Para mitigar esse risco, agências de rating, como a S&P Global Rating, avaliam o comprometimento das companhias com as boas práticas ESG e os potenciais riscos envolvidos.
Os índices ESG também desempenham um papel crucial na orientação dos investidores. O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), criado em 2005, permite uma análise comparativa de desempenho das empresas listadas na B3 sob a ótica da gestão corporativa sustentável. O processo de seleção é rigoroso e exige a divulgação de questionários preenchidos, reforçando a transparência das informações.
Para as companhias, adotar o ESG não é apenas uma questão de conformidade regulatória, mas também uma estratégia financeira inteligente. Empresas que integram a sustentabilidade em sua gestão de riscos tendem a apresentar melhores retornos a longo prazo e consolidar uma reputação positiva no mercado.
Fonte: Contábeis